A história do Cão-guia

Ao realizar uma breve pesquisa sobre a história de como iniciou o treinamento de cães-guia no mundo, certamente você irá se deparar com diversos materiais que trazem bastante informações a respeito do sistema que costumo chamar de convencional por tratar-se de uma metodologia de treinamento que ficou bem conhecida após a primeira guerra mundial. Ou seja, há mais de 100 anos atrás. No entanto, mesmo que tenha sido muito difundido durante esse período por conta dos grandes centros de treinamento, devemos considerar que o início de fato de toda essa ideia surgiu bem antes e temos vários fatos que comprovam esse relato.
Dentre todos os acontecimentos isolados de tentativas experimentais de treinadores ou até mesmo pessoas que buscavam apenas alternativas de facilitar a locomoção de deficientes visuais afim de melhorar a qualidade de vida desses indivíduos, temos um caso que chama muita atenção que é o do jovem Austríaco chamado Joseph Reisengger, que em 1788 treinou seus 3 cães após perder sua visão com apenas 17 anos. Isso inclusive, fez com que muitos duvidassem que ele fosse realmente cego por não acreditarem que seria possível alguém que não enxerga, realizar o treinamento de um cão principalmente com o objetivo de guiá-lo.
Mesmo eu sendo um adestrador vivendo em 2023, não me espanta nenhum pouco a surpresa daquelas pessoas. O natural é verdadeiramente quando enxergamos bem, acreditarmos que a visão é 100 porcento responsável por tudo que fazemos sem dificuldade. É como se esse fosse o único sentido capaz de fazer com que pudéssemos realizar todas as tarefas e que sem a visão dificilmente conseguiríamos realizá-las com excelência.
Se posso deixar meu ponto de vista sobre a trajetória na história do cão-guia, para mim Joseph nos deixou não só um grande exemplo prático de que há sim a possibilidade de um cego ser adestrador, mas também certamente inspirou aqueles profissionais que tiveram contato com sua história a dar continuidade ao trabalho que ele iniciou em 1788. As técnicas criadas por Joseph foram utilizadas por esses profissionais no decorrer de todo o processo de desenvolvimento desse sistema de treinamento que tornou-se um padrão. Esse formato facilitou com que essa ideia se estendesse para fora do âmbito pós guerra, fazendo com que deficientes visuais do mundo inteiro experimentassem a companhia de um cão-guia. Isso explica por exemplo: o fato do sistema convencional contar com a participação de famílias socializadoras pois dificilmente os familiares dos ex combatentes da guerra teriam condições principalmente psicológicas para realizar essa tarefa que exige o mínimo de conhecimento técnico para lidar com questões BÁSICAS na preparação dos cães e todas as ATENÇÕES naquele momento SE VOLTAVAM A CUIDAR DESSES SOLDADOS QUE SOBREVIVERAM DE UMA GUERRA COM AQUELAS PROPORÇÕES, não tendo qualquer condição de envolver-se no treinamento de um cão.

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